quarta-feira, 24 de agosto de 2011

(Eu sou) Apenas mais uma

Pra não cair na ordem cronológica dos fatos, vou abrir um parênteses aqui, retomando, de certa forma, o que vinha falando no texto anterior. Mais propriamente com relação ao momento em que se recebe a notícia que se está com câncer - como tal considero a ocasião de 2007. Eu não sei se todos conseguiram se imaginar em situação tão desconfortante, mas aos que conseguiram e aos que, assim como eu, já viveram-na, queria compartilhar um pouco de como essa questão evolui (ou, pelo menos, como evoluiu em mim).

Num primeiro momento, o egoísmo toma conta (o que ilustrei com a pergunta "Por que eu?"). Mas, depois, você inverte isso e diz: Por que não eu? Afinal, todos estamos sujeitos a ficar doentes e, inclusive, a ter câncer. É algo que está aí, posto, e o que não adianta é fugir. Além do mais, quando você começa a conhecer outros casos, percebe o quanto vale a pena lutar. Comparado a casos "piores", por exemplo, você enxerga a força que você tem, não só pra resistir, mas principalmente pra viver, e viver plenamente, como eu já havia dito. E, também, comparado a casos em que houve cura, você se agarra nessa esperança de também ficar curada um dia.

É claro que o assunto é bem delicado, e falar de cura é um risco. Não se deve ser hipócrita, ou melhor, ingênuo, a ponto de desconhecer o perigo de uma doença como o câncer. Mas o que eu gosto de deixar claro é que, com ou sem ele, eu consigo ser feliz, porque não preciso ficar pensando (e não fico) 24 horas por dia nisto. Fico mais preocupada em procurar fazer coisas que gosto, conversar com pessoas agradáveis, enfim, viver um dia após o outro, com tudo de melhor que eles têm. Até porque sei que, vira e mexe, hospital, médicos, enfermeiras e etc me aguardam pra uma "visitinha básica".

4 comentários:

  1. primeirinha!!!! (rs)

    brincadeiras à parte, mais uma vez digo: suellen, vc transborda vida, as pessoas devem aprender com vc!
    um grande abraço!

    Silvia

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  2. Su, jamais poderia dizer algo melhor que a Silvia: vc transborda vida. E enche as nossas, bem! ;) Obrigada por isso!

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  3. certa vez, no meio de uma cervejada, alguém falou algo do tipo pra vc: -"Mas que azar você tem hein, câncer!".
    Você, com a paciência vinda do além, olhou pra ele e disse: -"Azar? Eu tenho é sorte. Depois de tantas cirurgias eu to aqui, viva. E você?".

    Nunca esqueço disso fi. E quando me falam: Coitadinha dela... logo respondo: coitadinha nada, ngm mais do que ela sabe viver.

    admiro tudo, sempre!

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  4. Reitero as palavras anteriores "Você transborda vida"!!!
    Admiro sua coragem e serenidade.
    Bjos
    Maristela

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