quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A vida além e apesar do câncer

É muito comum, em todo esse tempo convivendo com o câncer, ouvir comentários como "Ela tá muito acabadinha?", "Ai, coitadinha", "O ruim é que não dá pra você trabalhar, né?". Gente, ALÔ-ÔU!! Olha pra mim, não tem nada de errado comigo. Me entristece perceber como algumas pessoas neste mundo encaram as coisas. Eu é que tenho dó delas. Coitadinhas! Não sabem o que dizem...

Perdão a quem está lendo isso, pois, com certeza, não é nenhum dos que já disseram ou pensaram algo do tipo. Mas, enfim, foi meu momento-revolta do blog. Aos que me conhecem, sabem que a sinceridade é uma das minhas qualidades/defeitos (ainda não descobri se é um ou outro, ao certo). Mas aos infelizes que só conseguem me ver como moribunda ou incapaz de algo, um Obrigada!, pois são eles também que me estimulam e me fazem chegar onde eu estou.

Onde eu estou? Talvez nem seja lá grande coisa, mas com certeza melhor que muitos dos que me subestimaram. Bom, aos 16 passei no vestibular, aos 21 me formei em uma Universidade Estadual e ainda aos 21 fui aprovada na seleção de mestrado de outra Universidade Estadual. Hoje, aos 22, digo com orgulho que sou mestranda da UEM. Sei lá, pra muitos isso não significa nada. Mas pra mim sim. Sei o que tive que passar pra chegar até aqui. Sei quantos atestados tive que pegar. Sei quantas vezes estive internada, ou na quimioterapia, ou em recuperação de alguma cirurgia, morrendo de vontade de estar naquela "aula chata" (que é o que a maioria pensa e diz). Sei, ainda, quanto esforço fiz pra cumprir todos os meus deveres. Porque não é por ter uma "doencinha" que tenho que ter "colher de chá". Isso iria contra o meu orgulho. O que alguém como eu precisa, nesses casos, é de compreensão, de maleabilidade, de humanidade, e até de alguns acordos. Mas NUNCA desistir de estudar, de trabalhar, de conquistar tudo o que se quer.

É preciso se tratar, cuidar da saúde e ficar sempre alerta? Sim. Mas poder viver de maneira plena é tão importante quando o tratamento clínico, pois é isso que ajuda a cuidar da mente, do psicológico, e te faz ficar sempre positiva, pois é onde se deposita um sentido pra viver. Que graça teria ficar viva se eu não pudesse fazer o que faço? Ser quem eu sou? Não sei, eu não consigo enxergar alguma.

Mas também não quero deixar de reforçar, aqui, meu infinitos agradecimentos a todos aqueles que diariamente, esporadicamente ou por algum pequeno gesto já me ajudaram. Digo e repito: sem vocês, amigos, colegas, conhecidos, familiares, enfim, sem aqueles que pensam e oram por mim, com certeza eu não conseguiria nada do que tenho, nem seria nada do que sou. A vocês, eu dedico minha(s) vitória(s) - se é que posso chamar assim.

Prêmio Sangue Novo no Jornalismo Paranaense (2º lugar - categoria Monografia) - Curitiba, Maio de 2010.

5 comentários:

  1. Escrevi, escrevi e sumiu o texto... reescreevendo, rs

    Detalhe que há muitos alunos, mas MUITOS mesmo, que não dão o mínimo valor para as oportunidades recebidas. Reclamam das aulas "chatas", dos professores, da vida, de tudo, de não poder passar 24h por dia nas "baladas", e dá-le aborrescência tardia. Aguentar esses filhinhos de papai ou minadinhos quando tem gente aí fora querendo entrar e fazer algo de relevante é lamentável. Fico feliz pela sua dedicação :)

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  2. Realmente dona Suellen, não se importe com o que pensam ou ficam com dó de vc, vc precisa de dó, e sim de amizades que saibam como você luta e vem vencendo por todo esse tempo!

    Don't worry, be happy!
    ;)

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  3. Linda, vc é uma vencedora... Te admiro muito... Bjos....

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  4. Sabe quando vc encontra a força que precisava em um texto? Eu sei. Brigada por isso!!! ;) E parabéns, quéééérida! :D

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