terça-feira, 11 de outubro de 2011

Antes de partir

Tem um filme de 2007, homônimo do título deste texto, o qual conta a história de dois pacientes com câncer em estado irreversível, que decidem aproveitar seus últimos meses da forma que melhor entendem. Apesar de renomados atores e diretor, o filme não é dos meus preferidos, mas não sei porque lembrei dele, talvez por abordar assuntos dos quais já falei aqui antes: a morte e sua aceitação, além da amizade.

Eu talvez faria o mesmo que os personagens: viajaria, viajaria, viajaria... Se eu pudesse, assim como eles, fazer uma lista, com certeza ali estariam coisas que todo mundo deseja: ser bem sucedida profissionalmente, conquistar o mundo em viagens, ter um grande amor, afinal, quem não quer? Mas, mais do que isso, o que eu priorizaria em minha lista (ainda que não seja possível "dar um check" em todos os itens) seria o "retoque" em fatos já ocorridos.

É claro que há quem diga que passado é passado, e o que importa é viver agora e daqui pra frente. Sim, em termos eu concordo; é preciso valorizar o presente, não esquecendo o que aprendeu com os erros. Mas quando você pensa em morte, pensa em "consertar" ou deixar tudo por aqui da forma como você considera ideal, ou seja, resolver tudo o que ficou incerto. Acho injusto banalizar o que já passou, porque mesmo tendo ficado pra trás, ainda faz parte de você, das suas memórias.

Penso que meu maior desejo antes de partir, mais do que qualquer satisfação futura, seja reconquistar confianças que perdi, ter os perdões que não tive, me sentir "em dia" com a minha própria vida, com minhas próprias vivências. É certo que esse seja um desejo deveras inconsistente (ou não). Por outro lado, depende muito mais de mim, rever, ajustar e superar fatos do passado. De uma forma ou de outra, é ainda um desejo complexo.

A sensação que dá é que algumas cenas da vida são como aquelas que a gente não entende nos filmes, mas mesmo assim continua assistindo. Os capítulos vão passando, passando, e quando chega ao final, aquela cena ainda é uma lacuna. A diferença é que no filme você pode retornar e buscar uma resposta. Infelizmente, na vida real, você precisa encontrar métodos de responder às suas próprias dúvidas antes que o fim chegue. Talvez o meu maior desejo seja a oportunidade de ter acesso a cenas extras: lá você pode não só encontrar as explicações, mas também rir com elas.

2 comentários:

  1. Bom demais, como sempre.

    Beijo

    Bruno.

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  2. Suelen, vc me surpreende a cada dia em tudo!
    Acho que já falei isso, né? Mas não custa repetir :D
    Sua forma de ver os problemas da vida, sua personalidade admirável, sua forma de escrever perfeitamente envolvente...
    Desejo tudo de bom pra vc! Força nessa etapa! E que Deus continue te usando para abençoar mais vidas, assim como vc tem abençoado a minha
    Um grande abraço!

    Silvia - UEM

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