sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Filas: esperar faz parte

Mais uma vez com um gancho no texto anterior, falo agora sobre um momento que poucos imaginam, mas quem "sente na pele" com certeza dá importância: a eterna arte de esperar. Como se sabe, ninguém é único nos consultórios e, diga-se de passagem, o Hospital do Câncer tem estado cada vez mais cheio - ao menos é a impressão que tenho. Pelo que percebo, e também algum dos médicos já comentou comigo, os próprios estudantes de medicina têm receio de se especializar na área de oncologia, o que faz menor o número de profissionais capacitados, tornando desproporcional a relação pacientes/médico. Reitero, é a impressão que tenho. Enfim, nesse jogo de "é só aguardar" daqui, "é só aguardar" dali, você "perde" horas e horas, e mais horas (muitas mesmo) da sua vida, sentado num banco, olhando paredes, teto, chão, e outros pacientes.

Minha mãe que o diga - sempre comigo em todas as consultas, exames, internações, etc. É claro que, acostumadas, já temos nossos passatempos: ela com seu crochê, eu ora com minhas palavras cruzadas, ora com os xérox e livros sempre a tiracolo. Ali, cada uma ao seu modo, buscamos uma distração (e uma abstração). Porque muitas das vezes é interessante conversar com quem está ao lado, mas volta e meia é melhor permanecer em silêncio. Não quero ser mal compreendida; a questão é que muita gente passa uma energia negativa, outros têm assuntos, na minha opinião, bem intragáveis. Enfim, salvo casos específicos (pois é sempre bom aprender com os outros), opto por dispersar meu pensamento para outros ambientes - senão é impossível aguentar 4, 5, 6 horas por uma consulta sem ter uma crise de humor.

Justificada a demora, no mais, só tenho elogios ao Hospital do Câncer. Desde copeiras, faxineiras, secretárias, às enfermeiras, auxiliares de enfermagem, médicos e outros funcionários, todos sempre foram muito profissionais e ternos. Inclusive, algumas atitudes já me surpreenderam (e surpreendem). Tendo a possibilidade de comparar - já fiquei internada no HU, em Londrina, e no Hospital da Providência, em Apucarana -, sem titubear elejo o Hospital do Câncer, se não como o melhor (estruturalmente falando), com certeza o mais humano. Com poucas exceções, as pessoas que trabalham lá sabem com quem estão lidando, simplesmente porque veem, vivenciam. E, não há dúvidas, a pessoa que tiver a oportunidade de visitar, nem que seja uma única vez, de forma alguma vai sair de lá com o mesmo olhar sobre as coisas. 

5 comentários:

  1. sempre ando no fio da navalha entre conseguir dar um bom atendimento e ser suficientemente rápido na consulta para que a espera dos outros pacientes não seja ainda maior. Nem sempre é facil. Penso ,no entanto, que minha dificuldade nem se compara a de quem está no corredor à nossa espera.

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  2. Que os responsáveis pelos hospitais possam, Su, pegar a sua dica e se 'humanizarem', tanto quanto o Hospital do Câncer. E que as filas diminuam, né. Não só lá, mas que a saúde pública possa ser mais 'saudável'...

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  3. Rubia Mara disse...

    Olá, Suellen!
    Venho acompanhando seu blog há alguns dias, por indicação de minha amiga e colega de Mestrado, Margarida Liss. Ela disse que você faz parte do mesmo grupo de estudos que ela (não lembro bem se é essa a relação, ehehe).
    Quero dizer que gosto muito de ler seus posts, inclusive porque são muito bem escritos e eu, como toda e qualquer letrista (ehehe), aprecio uma boa desenvoltura de nossa língua, na escrita.
    Parabéns pela iniciativa do Blog! É um trabalho lindo que, além de retratar o câncer e como você lida com ele, nos faz refletir muito sobre vários aspectos da vida.
    Também parabenizo-lhe por encarar tudo isso de forma tão corajosa e realista, e pelo Mestrado. Aliás, em que etapa você está? Cursando os créditos ou já começou a mexer na "dirce", ehehe??

    Um abraço,
    Rubia Mara

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  4. Olá, Rubia. Como vai?
    Muito obrigada pela manifestação e continue lendo e opinando sempre! :)
    Faço parte do GEDUEM junto com a Margarida sim, temos a mesma orientadora! hehe
    Estou no primeiro ano do Mestrado, cumprindo os créditos... e você, sofrendo já com a dissertação?
    Abraços

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  5. Oii!!
    Estou bem.
    Pode deixar, vou continuar lendo, sim!
    Hum, verdade... Acho que ela comentou que a Ismara também era sua orientadora, mas eu não me lembrava. Legal!
    Então, eu defendi minha dissertação há exatamente 1 mês (dia 01 de agosto). Fui orientanda do prof. Renilson Menegassi.
    Agora estou tentando o Doutorado e dando muitas aulas na minha cidade, Toledo.
    Boa sorte pra vc nessa caminhada... O Mestrado exige bastante! E aproveite essa fase de cursar as disciplinas, pois depois que você fica só na dissertação, tudo é muito mais desgastante e solitário (pelo menos assim eu senti, ehehe).
    Bom, acho que é isso. Sempre quando der, apareço por aqui!
    Beijos! Até mais.

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